Quarenta e nove anos depois: sequelas do Golpe Cívico Militar e perspectivas da resistência
“São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata”
Gonzaguinha
Quase
meio século depois do fatídico 31 de março de 1964 (ou na verdade, 1º de
abril), vivemos estranhamente um sumiço das suas lembranças, uma impunidade
ímpar na América Latina e grandiosas sequelas de conformismo.
Quarenta
e nove anos depois, a memória da ditadura permanece viva por pura insistência
de parte da esquerda brasileira, que, ao contrário da política do governo
federal, do “não revanchismo”, luta para que assassinos e torturadores sejam
julgados como tais, levando a cabo o exemplo de outros países latino americanos
que estão à frente do Brasil no quesito “julgamentos pós ditadura”. Argentina,
Chile e Uruguai avançaram no sentido de cumprir a normativa internacional que
considera os crimes contra a humanidade cometidos por autoridades estatais não
passíveis de anistia por leis nacionais.
No
mais, o espólio dos vinte anos de ditadura continua latente. A “educação”
governamental da cultura desenvolvida durante esse período permanece. Uma
cultura do “detestar política”, ter horror a partidos e temer lutar pelos
próprios direitos, continua sendo parte dessa herança, viva e latente.
No
momento, estamos próximos de mais uma tentativa de reforma previdenciária que
pode exigir dos trabalhadores homens 105 anos, e das mulheres 95 – entre contribuição
e tempo de serviço. Pior, um extermínio de direitos tão bem orquestrado, que
76% do povo brasileiro aprova o governo que pretende levar o direito à
aposentadoria às raias do inatingível – ou, pelo menos, daquilo que não será usufruído
por muito tempo. Caso isso seja aplicado, quando é que os jovens que começarem
a trabalhar daqui a alguns anos vão se aposentar?
Conjugada
a essa reforma, o ACE (Acordo Coletivo Especial), incentivado pelas centrais
sindicais que há tempos já entregaram os trabalhadores à mercê da exploração,
visa facilitar ainda mais o avanço de um tipo de governo que discursa
defendendo o povo, mas retira cada dia mais os direitos desse mesmo povo. Passo
que cumpre na sistemática do desmonte dos direitos trabalhistas, beneficiando
amplamente a burguesia, que nunca lucrou tanto como lucra hoje.
Por
fim, não posso deixar de lembrar minha categoria profissional, do magistério,
que tem sofrido tantos e tão duros ataques. Uma categoria que sempre trouxe, em
seu fundamento, a luta contra a barbárie, o esclarecimento em lugar da
ignorância. Muitos foram os professores – e também seus alunos – que tombaram
lutando contra a ditadura. Seus nomes, seus rostos, seus corpos, alguns
sabemos, outros desconhecemos.
Enquanto
eu viver, não deixarei esse assunto de lado. A luta por justiça pelos mortos da
ditadura, pela localização dos restos daqueles que até hoje permanecem desaparecidos.
Que suas famílias tenham o direito à verdade. Mas que também os criminosos
sejam punidos sim nos padrões acima citados. Não se trata de revanchismo, trata
– se de investigar, julgar e condenar criminosos. Não pode ser saudável uma
sociedade que tem seus torturadores livres e levando vidas absolutamente
normais, enquanto suas vítimas padecem com marcas físicas e psicológicas,
quando não constam da lista de desaparecidos.
Que
a lembrança daqueles que morreram na esperança de um mundo melhor fortaleça
nossa luta. Que as nossas angústias somadas sejam nada mais que nossas forças
somadas. E viva a luta incessante dos professores que iluminam o saber.
Há uma frase exemplar do Marx com relação ao passado:; "Não esquecemos o passado enquanto não fizermos as pazes ocm ele", ou seja, jamis deixaremos de sentir as dores da Ditadura enquanto vivermos e senntirmos o horrores cometidos, ods desmando, as torturas e principalmente a imppunidades dos responsaveis pelo genocidio e horro brasileiro. Não seremos felizes enquanto nossos mortos não tiverem se pultura publica, conhecida e forem reverenciados pelso seus concidadãos e parentes.
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